Os teares movidos pela energia gerada por máquinas a vapor durante a primeira Revolução Industrial, em meados do século XVIII na Inglaterra, mudaram para sempre as condições de vida da humanidade. A partir daí, a indústria, especialmente a indústria têxtil, liderou um caminho de inovação e incorporação tecnológica que tem sido estratégica para o desenvolvimento econômico e social dos países industrializados.

Como em outras revoluções industriais, a indústria têxtil e de vestuário será a protagonista central desses processos. A Revolução 4.0 determinará mudanças radicais dentro da configuração global da indústria têxtil e de confecção de roupas, o que afetará a geração de empregos, métodos de marketing e localização geográfica da produção, alterando duas lógicas mantidas no últimas décadas: a separação do design, marketing e desenvolvimento de produtos da produção industrial e a diferente inserção produtiva dos países desenvolvidos e em desenvolvimento na internacionalização da produção mundial, hoje dentro das cadeias de valor globais.

A Revolução 4.0 também terá a indústria têxtil e de vestuário como um dos centros de irradiação de transformações profundas que estão chegando na sociedade. O que é a Revolução 4.0? Os novos desenvolvimentos e avanços em ciência da computação, robótica, inteligência artificial, digitalização e automação, agora agrupados na Industria 4.0, passam diretamente pela produção industrial global e estão gerando mudanças que, por sua profundidade, promovem uma verdadeira revolução nas formas de organização da produção, na logística e nas cadeias de suprimentos da indústria global. A possibilidade de ter informações em tempo real nas decisões dos consumidores permite reestruturar os processos de produção de acordo com essas determinações do mercado consumidor.

É assim que entramos em uma nova etapa que rompe com a predeterminação de fornecimento no mercado, onde agora, cada consumidor determina a demanda que direciona a estrutura produtiva. O principal eixo disruptivo desta revolução está relacionado à possibilidade de troca rápida e obtenção de informações. O uso de novas tecnologias que capturam, processam e prognosticam dados como o comércio eletrônico, Big Data, computação em nuvem, internet de coisas e até wearables e roupas inteligentes com a capacidade de trocar dados entre eles e a rede, permitirá um recurso chave para a comercialização: informações confiáveis ​​e disponibilidade rápida da demanda do consumidor.

O processamento rápido de dados permitirá a redução dos erros de previsão de produção e os custos relacionados ao gerenciamento de estoque, armazenamento e exigirá uma indústria cada vez mais flexível. A indústria têxtil e de vestuário será capaz de responder de forma mais flexível e rápida a essas demandas em virtude de outros avanços em robótica e tecnologia na produção industrial: tecnologias e sensores que permitem analisar a rastreabilidade de produtos têxteis na cadeia de produção e suprimentos, uso de equipamentos controlados remotamente e robôs colaborativos que nos permitem avançar em tarefas que foram realizadas exclusivamente pelo ser humano, como roupas, juntamente com tecnologias de tricô 3D e impressão 3D que permite a produção personalizada de roupas ou calçados.

A necessidade de adaptar rapidamente a produção industrial, especialmente em um setor marcado por tendências e mudanças rápidas, trará novamente a fabricação aos centros de consumo, reduzindo os custos logísticos e o transporte, e que exigirá a reintegração entre o projeto e o processamento da produção têxtil. Espera-se portanto, que a Industria 4.0 causará uma reversão da globalização da produção em todo o mundo, o que fez as marcas globais se tornarem completamente desconectadas do processo de fabricação, uma atividade que foi dominada pela busca constante por salários baixos em países em desenvolvimento.

Este novo contexto abre um cenário de oportunidades para o setor têxtil e de vestuário no Brasil, forçando as empresas a se adaptem ou morrerão. O interessante é que a Industria 4.0 será a responsável pela “desglobalização” da produção, onde as novas tecnologias e legislação ambiental porão fim a globalização. Essa transformação industrial na moda, ajudará a construir modelos de produção mais rápidos, mais eficientes, mais rentáveis ​​e mais preditivos.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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