Novos tecidos e couros veganos feitos de resíduos de frutas estão ganhando impulso, atraindo algumas marcas de moda e acessórios de nicho, já que tanto o mercado de luxo quanto o de fast fashion estão mostrando uma demanda crescente por produtos mais sustentáveis! As empresas que buscam uma alternativa aos tecidos sintéticos encontraram uma solução nos subprodutos da indústria alimentícia.

A FAO (Organização para Alimentação e Agricultura) informou que frutas e vegetais têm o maior desperdício de todos os produtos alimentícios. Cerca de 45% das frutas e verduras nem sempre são colhidas ou simplesmente descartadas devido à sua aparência. Sem falar na quantidade de resíduos de frutas que são descartados pela industria de sucos.

As empresas a seguir concentraram-se na criação de produtos por meio de uma economia circular, fechando o ciclo do material e energia em seus processos de fabricação, criando assim um produto praticamente sem desperdício. Usando resíduos de frutas como matéria-prima, elas estão efetivamente criando materiais adequados para moda, calçados e acessórios. Aqui estão as cinco principais inovações que estão transformando resíduos em matérias primas ecológicas para a indústria da moda.

1. Orange Fiber 

A Orange Fiber transforma subprodutos de sucos cítricos em tecidos sustentáveis, reduzindo o desperdício e a poluição. Com mais de 700.000 toneladas de resíduos de laranja produzidos na Itália todos os anos e sem uso real do subproduto pela indústria alimentícia, a Orange Fiber desenvolveu uma tecnologia inovadora para criar um tecido feito da celulose da casca da laranja. As co-fundadoras Enrica Arena e Adriana Santanocito reconheceram o potencial dos resíduos gerados pela indústria cítrica siciliana e criaram uma nova fibra, que lançaram no mercado em 2017.

Primeiro, a Orange Fiber recebe as cascas de laranja de uma fábrica de sucos, depois extraem a polpa de celulose que é enviada para a Espanha onde serão transformadas em fios de viscose. Por último os fios são enviados para uma tecelagem italiana onde se tornarão tecidos sustentáveis ​​que são sedosos ao toque. A Ferragamo foi a primeira empresa de artigos de luxo a colaborar com a Orange Fiber numa coleção cápsula. Isso ilustra a crescente demanda e interesse em tecidos sustentáveis ​​de alta qualidade dentro do setor de moda de luxo.

2. Frumat 

A empresa italiana Frumat transforma resíduos da indústria de maçãs em materiais que podem ser usados ​​para moda, calçados e acessórios. A empresa usa resíduos da indústria alimentícia de maçãs (especificamente a pele) para criar um material sustentável que é totalmente compostável e reciclável chamado Pellemela. O resultado final é um material que não apenas parece como o couro, mas também tem a durabilidade do couro, mostrando que uma alternativa sustentável é totalmente alcançável sem comprometer a aparência ou a qualidade.

A marca de luxo sustentável Matea Benedetti, da Eslovênia, foi a primeira a desfilar roupas feitas com o Pellemela. Tanja Schenker, fundadora da marca Happy Genie também utiliza o couro de maçã em suas exclusivas bolsas de luxo feitas à mão na Itália.

3. Vegea

A empresa italiana Vegea conseguiu combinar moda e vinho, criando um material inteiramente derivado da grande indústria vinícola italiana, um couro de uva. O biomaterial é obtido pelo processamento do bagaço de uva composto pelas peles, sementes e caules, que são descartados ou queimados como meio de eliminação de resíduos durante a produção do vinho. O material é uma alternativa ecologicamente correta que pode ser aplicada em moda, design automotivo e de interiores.

Em 2017, a Vegea recebeu o prêmio Global Change Award da H & M, que ajudou a financiar o contínuo desenvolvimento e produção da empresa. Isso mostra um progresso positivo na indústria da moda através do interesse e apoio de alternativas ao couro animal e sintético por um gigante do fast fashion.

4. Pinatex

Pinatex é um tecido sustentável feito de folhas de abacaxi que não requer água extra, fertilizantes ou pesticidas para produzir. As folhas de abacaxi são um subproduto da colheita de abacaxi e proporcionam renda adicional aos agricultores dos países produtores de abacaxi. O resultado é um não-tecido laminado que é incrivelmente versátil que vem em várias espessuras e é facilmente produzido em massa. O couro Pinatex é durável, resistente à água e flexível. Esta grande alternativa de couro está ganhando popularidade, especialmente entre as marcas de calçados éticos, como Nae Vegan, Bourgeois Boheme e Hugo Boss que já estão incorporando a Pinatex em suas coleções.

5. Nanollose

Os resíduos de biomassa da indústria do coco são os ingredientes da Nullarbor, a primeira fibra de rayon sem planta do mundo criada pela startup Nanollose, especializada em fabricar tecido ecológico sem plantas voltada para o mercado de moda sustentável. A empresa é mais conhecida por sua capacidade de criar “moda fermentada” a partir da cerveja e do vinho.

Nanollose cresce suas fibras através da fermentação de resíduos orgânicos, e a fibra Nullarbor foi criada usando subprodutos do coco natural provenientes da Indonésia, que foram sintetizados em celulose microbiana e depois convertidos em fibra usando a tecnologia única da empresa. O processo não requer o corte de árvores ou o uso de terras aráveis, e leva menos de um mês. A Nanollose pretende utilizar os enormes resíduos da indústria do coco da Indonésia quando a produção em larga escala começar.

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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