Para marcar o Dia Mundial da Água, a Bremen Cotton Exchange apontou relatórios sobre o consumo de água na cultura do algodão, dizendo que a informação que foi espalhada na mídia “está em circulação há anos e precisa desesperadamente de uma atualização”. O relatório diz que as afirmações de que o algodão é uma planta sedenta, ou que consome entre 10.000 e 17.000 litros de água para produzir 1 kg da fibra natural, não é verdade.

Como em muitos outros artigos sobre o assunto, nenhuma atualização ocorreu, e informações falsas estão sendo reproduzidas. Isso pode ser encontrado em abundância na Internet, em jornais e revistas, no rádio e na televisão, bem como nas mídias sociais. Como um centro de competência nacional e internacionalmente reconhecido, a Bremen Cotton Exchange quer contrariar ativamente este tipo de falta de comunicação com dados verificados objetivamente.

A verdade é: o algodão é um xerophyte, uma planta que é capaz de crescer especialmente em climas secos. Mas, como qualquer outro ser vivo, o algodão precisa de água em determinados momentos do seu ciclo de crescimento. Em particular, para produzir bons rendimentos. Uma recente pesquisa global do departamento científico do International Cotton Advisory Committee (ICAC), com sede em Washington, mostra que a produção de um quilo de algodão descaroçado requer, em média, apenas 1.214 litros de água de irrigação artificial em todo o mundo. 41,3% do volume total de produção de algodão não requer irrigação artificial. Isso se refere aos 55% da área global de algodão que é irrigada exclusivamente pela chuva.

Na verdade, o algodoeiro é uma planta bem resistente à seca, e somente precisa de água mais intensamente nos períodos de plantio e florescimento. Depois das maçãs abertas, quanto menos, melhor. O Brasil é o maior produtor de algodão sem irrigação do mundo, usando apenas a água da chuva. Na safra 2016/2017, apenas 40 mil, dos 940 mil hectares usados para o plantio de algodão, foram irrigados. Isso representa somente 4,3% da área total! O Brasil é o quarto em produtividade em algodão, mas Israel irriga 100% de suas lavouras, Austrália chega a irrigar 95% e a China irriga 80%.

O Brasil é o maior produtor mundial de algodão sustentável. Em 2017, aproximadamente, 30% de toda a fibra licenciada pela entidade suíça, de respaldo internacional, Better Cotton Initiative (BCI), saíram de lavouras brasileiras. Desde 2013, a BCI opera em benchmarking com o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que é gerido pela Abrapa e estabelece as diretrizes, além de certificar as boas práticas em sustentabilidade na cotonicultura.

O estudo de 2011 de MM Mekonnen e AY Hoekstra, “A pegada hídrica verde, azul e cinza de culturas e produtos derivados de culturas” do Twente Water Center, na Universidade de Twente em Enschede, na Holanda, mostra que, comparado a outras culturas, o algodão consome apenas 3% da água usada na agricultura para irrigação artificial. O trigo, por outro lado, requer 15%, arroz 13% e milho 10%.

Nos últimos anos, os produtores de algodão em muitos países usaram modernos sistemas de irrigação, o que levou a um enorme aumento na eficiência do uso da água. Assim, agora é possível produzir significativamente mais algodão usando menos água. Além disso, a pesquisa sobre algodão está trabalhando para melhorar ainda mais as propriedades do algodão em termos de sua alta tolerância à seca.

Países como os EUA estabeleceram o objetivo de reduzir o consumo de água no cultivo de algodão em 18% em 10 anos. Os desenvolvimentos técnicos necessários incluem, entre outras coisas, tecnologia de sensores controlados por computador. Progresso significativo também foi feito em países produtores de algodão, como a Austrália e Israel. Além disso, há muitos projetos de cultivo de algodão com o objetivo de reduzir o consumo de água regionalmente.

Fonte: Bremen Cotton Exchange

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Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

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