Reduzir, reutilizar e reciclar plástico não é mais suficiente para reverter os danos que causamos. Solução? Inovar! Nas últimas cinco décadas, a produção global de plástico ultrapassou a fabricação de qualquer outro material. O plástico, um material com excelente relação custo-benefício e excelente versatilidade, tornou-se o material mais utilizado no mundo.

Por outro lado, os problemas ambientais associados à fabricação e uso indevido de plástico são tremendamente maiores. O plástico está em toda parte, de canudos de plástico a sapatos e sacolas de compras, e de frascos de shampoo a escovas de dentes e embalagens de alimentos. Pior ainda, não é apenas a fabricação de plástico que está impactando o planeta, mas também a maneira como lidamos com ele uma vez descartados.

Em vez de serem reciclados e reutilizados, 95% das embalagens plásticas do mundo acabam nos aterros e oceanos de acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial ‘ The New Plastics Economy ‘.

Reciclar plástico ajuda, mas não é suficiente

Os últimos dois anos de constante conscientização da mídia sobre como o plástico afeta nossa saúde e o ecossistema começaram a produzir resultados. Pela primeira vez, o número de países que proíbem plásticos descartáveis está aumentando. Então, corporações globais, como PepsiCo, Mars e Coca-Cola, se comprometeram a reutilizar seus plásticos. Estes são grandes passos em direção a uma economia circular, um mundo mais limpo e seguro.

Infelizmente, reduzir, reutilizar e reciclar plástico não é suficiente para causar uma mudança para melhor. Para isso, o plástico deve ser substituído por alternativas ecológicas semelhantes, como mostram estudos recentes. Para salvar o planeta da poluição plástica precisamos de três coisas:

  • Incentivar alternativas em materiais inovadores,
  • Investir em startups que desenvolvem materiais plásticos biodegradáveis,
  • Solicitar que empresas do setor adotem alternativas mais ecológicas,

Sem mais delongas, eis algumas alternativas de plástico mais inovadoras que estão no mercado agora:

1. Recipientes descartáveis feitos de casca ​​de laranja 

A TIPA lançou um novo tipo de recipientes ecológicos, feitos de polímeros compostáveis. Compostável porque os polímeros são extraídos de cascas da laranja descartadas. A mistura foi testada e considerada robusta o suficiente para substituir o plástico convencional. As embalagens de bioplástico da TIPA estão sendo utilizadas por diversas marcas de moda. Além disso, o material é seguro para os seres humanos e para o meio ambiente. Mas por que começar com recipientes de plástico descartáveis ​​para alimentos?

Como os recipientes de plástico de uso único são usados ​​em todo o mundo, eles vazam produtos químicos tóxicos quando aquecidos e não podem se decompor naturalmente depois de descartados. Depois de usar as embalagens da TIPA, os consumidores podem descartá-las exatamente como descartam alimentos, no fluxo de resíduos alimentares ou na lixeira de compostagem doméstica.

https://youtu.be/_legq0BQlN4

https://www.youtube.com/watch?v=lm1BUwSfsCQ

2. Beba de canudos de algas, abacate e papel

A Loliware é uma empresa especializada em bioplásticos como alternativa aos plásticos à base de petróleo. A última criação da empresa são canudos de plástico feitos de algas marinhas. Os canudos de plástico de algas marinhas podem durar cerca de 20 horas de uso contínuo antes de iniciar o processo de desintegração ecológico.

“Os plásticos descartáveis ​​devem ser criados para desaparecer, em vez de durarem para sempre. O sistema de fabricação de plástico existente tem uma falha séria no design ”, explica Fawn Briganti, fundadora da Loliware. Com os canudos Loliware que se decompõem naturalmente, assim como o desperdício de alimentos, Briganti quer mostrar que o sistema pode ser redesenhado para melhor.

https://www.instagram.com/p/B6O1CXcDRks/

No México, uma startup encontrou uma maneira inovadora de lidar com as toneladas de abacates que os produtores descartam todos os dias. A Biofase, localizada em Michoacan, o coração da indústria do abacate do México, está transformando os caroços do abacate em canudos, talheres e embalagens descartáveis, que dizem ser 100% biodegradáveis.

A empresa nasceu em 2012, quando Scott Munguia era estudante de engenharia química, ele descobriu que os caroços de abacate possuem uma substância que poderia tornar-se um plástico biodegradável. Seus experimentos foram testados com caroços de outras frutas, como manga, mas o abacete provou ser o único que poderia ser usado para esses fins. Saiba mais sobre a tecnologia da Biofase aqui.

https://www.instagram.com/p/B7m_mmahs54/

A empresa nacional Fulpel Group comercializa canudos e copos biodegráveis, para substituir os tradicionais de plástico usados no comércio. Os produtos são feitos de papel biodegradável de madeira de reflorestamento certificado. O Biocanudo é o 1º canudo de papel biodegradável de fabricação nacional, e é produzido em três tamanhos: 6 mm de diâmetro para sucos e refrigerantes; 8 mm, para vitaminas e sucos mais grossos; e 11 mm para milk shakes.

A linha Biocopo oferece uma ampla variedade de copos, podendo ser utilizado tanto para bebidas quentes, quanto frias, e possuem a qualidade necessária, assegurada pelos rigorosos padrões de qualidade da empresa.

A startup RWDC Industries, com sede em Singapura, desenvolve soluções econômicas de materiais para biopolímeros, produzidos naturalmente por bactérias da fermentação de óleos ou açúcar de origem vegetal que produzem um polímero biodegradável de ocorrência natural chamado PHA ou polihidroxialcanoato. Fundada em 2015 pelos doutores Roland Wee e Daniel Carraway, a RWDC busca  ajudar a solucionar a crise de plástico no mundo com baixo custo de produção.

O “plástico” produzido pelo grupo é totalmente biodegradável no solo e em condições de água doce e marinha, ou seja, todos os cenários de descarte de lixo possíveis. A empresa não produz os produtos “plásticos” em sua forma final, mas fornece matéria-prima para que outras empresas as transformem em bens de uso único, como embalagens, talheres, copos, canudos, fraldas, lenços, películas agrícolas e descartáveis em geral.

3.  Saco plástico comestível e biodegradável feito de algas-marinhas

Visando um substituto para o plástico como recipiente, uma empresa criou um material maleável, comestível e biodegradável que pode servir para armazenar líquidos. A startup Notpla desenvolveu o “Ooho”, que se decompõe em seis semanas caso não seja consumido. O saco plástico comestível é feito de algas-marinhas por serem facilmente encontradas e terem crescimento rápido em todo o globo, além de não entrar em nosso cardápio como o milho, que também poderia ser utilizado. A Notpla também desenvolveu um recipiente para fast food feito com base em algas-marinhas para ser totalmente biodegradável.

https://www.instagram.com/p/B3HzFV9DHSG/

4. Filme para embalagens feito de quitina

No Reino Unido, a empresa escocesa da área de biotecnologia CuanTec desenvolveu um filme para embalagens de alimentos biodegradável. O material é feito das cascas de sobras de processamento de frutos do mar, especialmente lagostim. Batizado de Chitin, o biopolímero é resultado da extração da quitina, um derivado de açúcar encontrado no esqueleto externo duro de crustáceos. O processo de extração é a fermentação. O mesmo da cerveja, por exemplo. A quitina depois é transformada em quitosana, produto mais solúvel e com múltiplas aplicações.

“A CuanTec é a primeira empresa a obter extração biológica de quitina a partir de casca em escala industrial e esse processo suave fornece quitina e quitosana de alta qualidade que apresentam alta eficácia contra uma ampla variedade de bactérias que deterioram alimentos. O uso da nossa quitosana aumenta a vida útil dos alimentos embalados”, informa o site da companhia. A CuanTec já apresenta no site também alguns patrocinadores, como o Scottish Investment Bank.

5. Tigelas de folhas de palmeira

Hoje em dia existem tigelas de plástico descartáveis. Você os encontra em cinemas, restaurantes e até museus, geralmente usados ​​para sorvetes e jujubas. Por fim, uma empresa apresentou uma solução simples, mas muito eficaz, que em breve poderia substituir todos, tigelas feitas de folhas de palmeira de uso único.

Criadas pela GreenBox, uma empresa especializada em embalagens ecológicas, essas tigelas ecológicas chamadas Palmblatt são feitas das folhas de palmeira. O biomaterial está amplamente disponível gratuitamente, pois as palmeiras Areca são cultivadas em toda a Índia por suas nozes e as folhas são descartadas como resíduos. Além de biodegradáveis, as folhas de palmeira têm outras características que as tornam excelentes alternativas ao plástico.

Estável e resistente.
Seguro para uso alimentar.
Repelente de água.
Não exige revestimentos artificiais ou aditivos extras.
Resistente a gorduras e molhos.
Boas propriedades térmicas.
Adequado para pratos quentes.

https://www.instagram.com/p/Bt0Tsskndmg/

6. Pratos e talheres feitos de farelo de trigo

A empresa Biotrem transforma uma tonelada de farelo de trigo puro em 10 mil unidades de pratos, tigelas e talheres biodegradáveis, que podem até ser ingeridos! Inventado pelo empresário Jerzy Wysocki, o processo transforma farelo de trigo natural em um belo conjunto de utensílios ecológicos usando pouca água, sem extrair recursos minerais ou adicionar compostos químicos.

“Nossas tecnologias são protegidas por inúmeras patentes internacionais. O processo tecnológico limpo e ambientalmente amigável de fabricação é baseado em matérias-primas naturais, farelo de trigo e pequenas quantidades de água. O resto é feito por alta pressão e alta temperatura”, explica a companhia polonesa em seu site. A ideia é que os produtos sejam alternativa para os utensílios descartáveis de plástico, principalmente os utilizados em eventos. Os pratos e talheres podem ser compostados na terra em apenas 30 dias. Parece uma boa troca, não?

 

Conclusão – Reciclagem de Plástico

O plástico está presente em todos os objetos que você pode imaginar. É usado na indústria de alimentos, em equipamentos médicos, embalagens, fabricação de automóveis, computadores e tecidos para moda e decoração. O plástico também se tornou parte de nossa cadeia alimentar. Pode ser encontrada em plantas, peixes, animais e até pessoas.

O plástico é necessário, mas também é a principal fonte poluidora em todo o planeta. Uma mudança é extremamente necessária, uma mudança que está em nossas mãos. Nós, os consumidores desses produtos. Com alternativas de plástico ecológicas disponíveis, é a nossa vez de exigir das empresas uma mudança de postura. Se o fizermos, as marcas não terão outra opção senão cumprir.

Artigo anteriorPainéis de celulose acústica Baux- Material de base biológica
Próximo artigoChina forçou a Itália a comprar os mesmos suprimentos de coronavírus que havia doado a Pequim semanas antes
Renato Cunha
O blog Stylo Urbano foi criado pelo estilista Renato Cunha para apresentar aos leitores o que existe de mais interessante no mundo da moda, artes, design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, arquitetura, decoração e comportamento.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.