A maioria das microfibras que estão poluindo nossos oceanos, que há muito se supõe serem de plástico, são em sua maioria fibras naturais como algodão e lã. Isso não é uma notícia tão boa quanto parece, uma vez que esses materiais recebem compostos químicos para seu uso em nossas roupas, de onde eles se desprendem e vão acabar no oceano. Por outro lado, a descoberta é importante porque pode tornar mais eficazes os esforços para mitigar a poluição oceânica, permitindo desenvolver estratégias e técnicas que realmente funcionem.

As microfibras têxteis são os principais contribuintes para a poluição marinha porque elas saem naturalmente das roupas durante o desgaste geral e a lavagem, seguindo uma trilha pelos esgotos, rios e oceanos, ou mesmo indo diretamente pelo ar, uma única lavagem à máquina de roupas de poliéster, por exemplo, libera meio milhão de microfibras têxteis.

Os cientistas que vêm pesquisando os oceanos presumiram que todas as microfibras eram plástico com base no pressuposto de que fibras naturais, como algodão e lã, se biodegradam muito rapidamente para persistir em ambientes marinhos. No entanto, quando Giuseppe Suaria e seus colegas da Itália e da África do Sul analisaram 2.000 amostras de água extraídas de vários oceanos, eles constataram que apenas 8% da poluição consistia em fibras plásticas, como poliéster ou nylon. O restante eram fibras naturais, incluindo algodão, que representa 50% do total, e lã, que representa 12%, além de outras como seda, cânhamo e linho.

O tamanho dos círculos indica a concentração de microfibras em cada ponto de coleta.

Poluição antiga

A equipe usou uma técnica chamada espectroscopia de infravermelho para analisar as microfibras, com 1 milímetro de comprimento, em média, em 916 amostras de água do mar coletadas nos oceanos Atlântico, Índico, Antártico e no Mar Mediterrâneo.

A descoberta de que elas são em sua maioria algodão é surpreendente porque quase dois terços dos têxteis fabricados hoje são sintéticos. A equipe levanta a hipótese de que as fibras naturais se degradem mais lentamente do que se pensava anteriormente, e que a maioria das fibras de algodão e lã atualmente flutuando nos oceanos sejam poluição de décadas anteriores, quando eram os têxteis mais comuns usados em roupas.

“Deveríamos estar tentando reduzir o número de microfibras de roupas que entram no ambiente, independentemente de serem de plástico ou não, porque parece que elas provavelmente durarão muito tempo no ambiente,” disse o professor Peter Ryan, da Universidade Nelson Mandela, coordenador da pesquisa.

Fonte: inovacaotecnologica

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Renato Cunha
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